
Como anualmente é feito, o dia 20 de janeiro, na IEED-SP, marcou a realização da Cerimônia em Homenagem a São Sebastião, que no sincretismo é representado por Oxóssi.
Com o templo decorado com folhagens que simulavam uma mata, a cerimônia foi dirigida pelo Iluminado Mata Virgem e contou, antes dos atendimentos ao público, com homenagens de membros da Escola a povos e temas ligados à data. A seguir, vamos relembrar essas homenagens.
Primeiro, a Sacerdotisa Nanci Abade prestou tributo ao povo Tupiniquim, um dos responsáveis pela formação da identidade nacional brasileira. "Tupiniquins. Eles são hoje mais ou menos 4 mil e estão em 6 aldeias. Foram os primeiros a receber os portugueses na época do 'descobrimento'. Ocuparam o litoral brasileiro por milhares de anos. A língua e a cultura foram proibidas, a língua e era o Tupi (Tupinakã) e os Tupiniquins foram obrigados a deixar de falar sua língua materna por conta da repressão do colonizador", disse a sacerdotisa ao público presente. Ela ainda adaptou um texto para a ocasião: "Minha vida mudou... Não sou um cara feliz, de olhar pra praia, de querer por o pé na beira da água ou levar meu filho e ensinar a pescar. Às vezes, a gente tem receio ser for caçar... minha vida mudou...".
Na segunda homenagem da noite, a Sacerdotisa Andrezza de Campos também falou dos Tupiniquins, relacionando o povo e sua cultura com a Cerimônia de Oxossi. Confira o texto lido pela sacerdotisa:
"Hoje, nos reunimos em celebração, em reverência e em conexãoo com as forças da natureza, e não há como falar de Oxossi, o grande caçador e guardião das matas, sem honrarmos aqueles que, desde os primórdios desta terra, já compreendiam e vivenciavam essa conexão sagrada: os povos indígenas Tupiniquins.
Os Tupiniquins, filhos da terra e das aguas, caminharam por este chão muito antes de qualquer outro, compreendendo a linguagem silenciosa da floresta, do vento e dos rios. Seu espírito coletivo e sua sabedoria ancestral nos ensinam que tudo esta interligado — que a árvore, o animal, o homem e o sagrado fazem parte de um mesmo ciclo de vida, respeito e reciprocidade.
Para os Tupiniquins, a espiritualidade não era algo separado do cotidiano; era a própria essência da existência. Cada amanhecer era uma saudação à vida, cada colheita urn ritual de gratidão, cada animal caçado, um sacrifício consciente em harmonia com a natureza. Eles nos ensinam que não somos donos da terra, mas sim seus guardiões, e que toda dádiva recebida deve ser retribuída com respeito e equilíbrio.
Oxóssi, o senhor das matas, aquele que tudo vêe e tudo provê, se manifesta na sabedoria desses povos, na conexão profunda que tinham com o invisível, com os espíritos das árvores, com o som das águas correntes e com a medicina que a floresta generosamente oferece. Assim como nós buscamos a verdade e o autoconhecimento, os Tupiniquins viveram guiados pela essência espiritual, compreendendo que o sagrado está em todas as coisas, em cada folha que dança ao vento, em cada estrela que ilumina a noite.
Hoje, ao falarmos sobre os Tupiniquins, não estamos apenas lembrando do passado, mas resgatando uma sabedoria viva, que pulsa em nossa terra, em nossa cultura e em nossos corações. Ao honrá-los, honramos também a nos mesmos, pois e impossível trilhar o caminho do espírito sem reconhecer aqueles que vieram antes de nós, guardiões de saberes que ecoam através dos tempos.
Que possamos aprender com eles a escutar a voz da natureza, a agir com respeito e a compreender que a verdadeira riqueza está na harmonia com o todo. Que Oxóssi, em sua infinita generosidade, nos guie para uma vida de equilíbrio, sabedoria e gratidão. E que, ao olharmos para a floresta, lembremos sempre dos Tupiniquins, que nos ensinaram que é ali, entre as folhas e os rios, que habita o espirito da vida.
Hosanas a força da natureza, hosanas aos Tupiniquins e hosanas a Oxóssi!"
Em seguida, foi a vez da Escola IEED-SP, sob a direção do Diretório Artístico, prestar sua homenagem, que abordou como tema central a Amazônia e sua importância para a humanidade e para as entidades pertencentes à Força de Oxóssi, ou seja, entidades da mata. Precedendo uma encenação de membros da Escola sobre costumes de povos indígenas da região amazônica, o Sacerdote Renato Paglarin apresentou a homenagem com o seguinte texto:
"O número artístico que será representado aqui agora tem como tema a Amazônia. A região amazônica, que não compreende apenas os territórios brasileiros, mas vai além das fronteiras nacionais, tem uma importância enorme para a humanidade. Do ponto de vista ambiental e biológico, sabemos que a Floresta Amazônica é considerada o pulmão do planeta Terra, responsável pela produção de 20% do oxigênio do mundo, nossa fonte vital de energia, onde podemos alimentar nosso corpo espiritual pelo plano sagrado. Além do ar, é na Amazônia que se encontra a maior bacia hidrográfica do mundo, com o Rio Amazonas e seus afluentes, força mineral das águas do rio, nos trazendo encaminhamento e fortificação. É na Amazônia também que se encontram um gama enorme de espécies de plantas e animais, convivendo em uma perfeita harmonia e representando o equilíbrio do Reino Vegetal com o Reino Mineral.
Mas, além do ponto de vista ambiental, a Amazônia é um grande reservatório de sabedoria ancestral. Os povos indígenas da Amazônia guardam conhecimentos milenares sobre a relação harmoniosa com a natureza, práticas espirituais profundas e usos medicinais de plantas que podem beneficiar toda a humanidade. Para muitas culturas e tradições indígenas, a floresta amazônica é vista como um templo vivo, um espaço sagrado que inspira respeito, renovação espiritual e conexão com o divino.
E, para representar toda essa conexão, aqui teremos 5 forças positivas advindas da Amazônia, dos índios, das Juremas, de Oxóssi e de todo o Povo da Mata, representados por membros da Escola do Templo Filhos de S.S. Deusa Lunar:
- Representação da *SAÚDE* - utilização das ervas e plantas com propriedades medicinais
- Representação do *CONHECIMENTO* - a sabedoria passada de geração para geração conforme a função de cada integrante da aldeia
- Representação da *FAMÍLIA* e *ANCESTRALIDADE* - força atávica positiva dos laços familiares
- Representação do *DOMÍNIO DA MATÉRIA* - a arte e o artesanato como produto final da manipulação dos materiais da natureza pelo homem
- Representação da *FÉ* - pelos pajés, com a força máxima da cura espiritual
Salve a Força da Amazônia, salve a Força do Povo da Mata, salve a Força de Oxóssi, salve a Força de São Sebastião, Salve a Força do nosso mestre S.S. Wandú."
Essas homenagens, junto com os atendimentos das entidades, fez com que a Cerimônia em Homenagem a São Sebastião fosse uma noite de boas energias e vibrações de vitalidade para todos.
Clique aqui para assistir a um breve vídeo de resumo da cerimônia.
Salve São Sebastião! Salve Oxóssi!
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